Cronologia

Os Factos a Seguir ao Referendo

30 de Agosto de 1999 - 98,6% dos recenseados votam no referendo de autodeterminação, apesar do terrorismo desencadeado nas semanas anteriores pelas milícias pró-indonésias. O resultado, anunciado às 9h (hora de Díli) de 4 de Setembro, é uma esmagadora vitória da independência, com 78,5% dos votos. As milícias e o exército indonésio lançam imediatamente uma campanha de assassínios, deportações em massa, pilhagens e incêndios, forçando a população a refugiar-se nas montanhas e obrigando a ONU a deixar Díli.

11 de Setembro - Manhã - Indonésia aceita o envio de ajuda humanitária aos refugiados. A delegação do Conselho de Segurança da ONU encontra, à chegada a Díli, uma cidade destruída e centenas de pessoas acampadas na rua. Austrália, Nova Zelândia, Malásia, Canadá, Portugal e Reino Unido disponibilizam-se para integrar uma força de capacetes-azuis.

17h30 - Grã-Bretanha suspende venda de aviões à Indonésia. Em Jacarta, João Carrascalão afirma que soldados indonésios estão a queimar povoações na ponta oriental de Timor.

DOMINGO, 12 de Setembro - 13h00 horas - Habibie autoriza o envio de uma força multinacional da ONU.

16h00 - Mais de sete mil portugueses participam numa manifestação realizada frente à embaixada da Indonésia em Madrid. Milícias atacam cerca de 30 mil refugiados escondidos em Dare, a 10 km de Díli. A alta-comissária da ONU para os Refugiados, Mary Robinson, volta a defender a criação de um tribunal internacional que julgue as violações dos direitos humanos em Timor-Leste.

Segunda-feira, 13 de Setembro - 3h00 - Os países da ASEAN concordam em apoiar uma força de intervenção da ONU.

4h00 - O Alto Comissariado da ONU para os Refugiados monta um armazém em Darwin que guarda bens de primeira necessidade e medicamentos, para serem enviados para Timor. Ramos-Horta reúne-se com o presidente Clinton, em Auckland.

9h00 - D. Ximenes Belo parte de Lisboa rumo à Santa Sé para relatar ao Papa o sofrimento do povo de Timor.

9h30 - Malásia, Filipinas, Cambodja, Tailândia e Bangladesh anunciam disponibilidade para integrar a força da ONU.

10h00 - A alta-comissária das Nações Unidas para os Refugiados afirma que a Indonésia tem de ser responsabilizada pelas atrocidades cometidas e anuncia que Habibie aceita uma comissão para investigar as queixas contra as tropas indonésias.

17h00 - Indonésia afirma não aceitar presença da Austrália na força multinacional. Em Timor - UNAMET está reduzida a 30 elementos.

Terça-feira, 14 de Setembro - Ximenes Belo dá conferência de imprensa em Roma, depois de audiência com o Papa. Indonésia aceita que Austrália lidere força multinacional. Reuniões diplomáticas e militares sucedem-se em Nova Iorque. Inglaterra concede 900 mil contos de ajuda humanitária a Timor. Em Lisboa - Parte um Antonov para Darwin com alimentos, medicamentos e pessoal médico. Sousa Franco, ministro das Finanças, anuncia não haver limite nas disponibilidades orçamentais para Timor. Em Timor - Cinco crianças morrem de fome. As instalações da UNAMET são incendiadas depois da saída dos últimos elementos das forças das Nações Unidas. Com eles partem para Darwin 1500 timorenses refugiados na sede da ONU. Um jornalista norte-americano é deportado. Nas montanhas, refugiados morrem de fome.

15 de Setembro de 1999 - Depois de duas semanas de hesitações diplomáticas enquanto as imagens da nova catástrofe em Timor correm mundo, a ONU aprova o envio para o território de uma força multinacional dotada de autoridade para restabelecer a paz por todos os meios. No dia 17 de Setembro, inicia-se o lançamento de alimentos para as centenas de milhares de pessoas abrigadas nas montanhas do interior, enquanto quase 200 mil timorenses estão em campos de deportados na parte indonésia da ilha. O futuro Estado de Timor LoroSae (Sol Nascente) aguarda o regresso de Xanana Gusmão, libertado no dia 7 de Setembro.

O Conselho de Segurança aprova, em Nova Iorque, a criação de uma força multinacional «para restaurar a paz e a segurança» em Timor. Moçambique manifesta vontade de integrar a força de intervenção da ONU.

Jaime Gama anuncia que Portugal não participará com nenhuma unidade de combate da força multinacional, embora vá ter no terreno e na Austrália missões de ligação. No final da reunião tripartida Indonésia-Portugal-ONU, Gama adiantou que o papel de Portugal será o de preparar no terreno a aplicação dos resultados do referendo.

Jusuf Habibie afirma que os militares indonésios terão apenas o papel de conselheiros e de ligação junto da força internacional.

O Comité Internacional da Cruz Vermelha está preparado para enviar para Timor-Leste uma equipa de 23 pessoas, no âmbito de uma operação humanitária de grande escala. O novo presidente da Comissão Europeia, Romano Prodi, compromete-se a apoiar a reconstrução e o desenvolvimento de Timor-Leste.

Em Jacarta há confrontos entre manifestantes a favor e contra a entrada das força da ONU.

20h20 - A SIC apresenta duas gravações (uma de 28 de Agosto e outra de 4 de Setembro, antes da divulgação do resultado da votação) entre responsáveis militares em Díli e as milícias, que provam que ambas as forças preparavam em conjunto atacar as Falintil, controlar o território e exterminar a população.

Padres jesuítas relatam bombardeamentos às montanhas, onde se encontram escondidos milhares de timorenses. Nas montanhas, a fome e a falta de medicamentos continuam a matar.

Em Darwin, aumenta a movimentação de navios de guerra, aviões e camiões com tropas.

Quinta-feira, 16 de Setembro - Indonésia rasga acordo de segurança com Austrália. Três timorenses são assassinados nas suas casas, em Jacarta, por homens vestidos de preto.

A Austrália adia o envio de bens de primeira necessidade para os refugiados timorenses que se encontram nas montanhas de Timor e anuncia que as primeiras tropas da força multinacional chegarão no domingo ou na segunda-feira.

Sexta-feira, 17 de Setembro - As primeiras 40 toneladas de bens de primeira necessidade e cobertores são lançados de aviões sobre Timor Loro Sae. Continuam os tiros disparados por militares e milícias. Austrália adverte a Indonésia sobre eventual ataque dos militares contra os capacetes-azuis.