Armas Portáteis de Projecção de Fogo
Mauser


"Arma Mauser, modelo 1871-1888 O último modelo adoptado oficialmente na Alemanha, e conhecido por arma Mauser, apresenta algumas modificações ao modelo que descrevemos:

O extractor passou a ser adoptado na parte superior da testa móvel, em vez de estar no lado esquerdo, onde foi substituído por um ejector, e a mola do gatilho foi substituída por outra em hélice colocada na frente.

O calibre continua a ser como na antiga Mauser de 11 milímetros. O depósito contem 8 cartuchos

O cano é estriado da esquerda à direita com um comprimento de 734 milímetros; tem as, estrias e o passo de 550 milímetros como anteriormente.

O comprimento da arma é de 1,30m com baioneta 1,80m.

O peso da arma com o depósito despejado é de 4,6kg, e com a arma carregada 5 kg.

A baioneta pesa 800 gramas.

O centro de gravidade dista do bico da coronha 57 centímetros quando a arma está vazia, e 67 centímetros quando cheia; estes números sobem de 58 à 68 quando a baioneta está armada.

O cartucho tem 78 milímetros de comprimento e pesa 43 gramas; o invólucro é de latão, envernizado interiormente; a carga de pólvora,  é de 5 gramas, está separada do projéctil por um disco de cera entre dois de cartão que completam a lubrificação.

O projéctil pesa 25 gramas e está envolvido por um callepin embebido em mistura de sebo e parafina.

Parece, pois, resolvido pelas principais potências militares, que a arma de repetição constitua o armamento dos seus exércitos.

maior parte dos Exércitos Europeus, diz o general V. Roop, começam a adoptar a arma de repetição com o fim de aumentar quanto possível a rapidez do tiro. A notícia desta transformação do armamento nos exércitos estrangeiros, propagando-se nas fileiras do nosso

exército, poderia levar a crer que a arma de repetição é superior á arma de tiro simples.

 Por este motivo entendi dever mandar estudar a questão pelos especialistas a apresentar as conclusões das tropas do meu comando.

A comparação feita entre os dois sistemas mostrou que os tipos das armas de repetição conhecidas, e algumas já adoptadas pelos exércitos estrangeiros, tem defeitos muito consideráveis.

Com os depósitos carregados são muito mais pesadas que as ordinárias; o seu mecanismo mais complicado e exposto a deterioração; a passagem do tiro de repetição ao tiro ordinário exige perda de tempo; o tiro de repetição continuado esquenta a arma a algumas vezes a ponto de ruborizar o cano; o fumo, que se desenvolve em grande, quantidade, impede o dar ao tiro uma direcção precisa; finalmente, o centro de gravidade varia á medida que o depósito se vasa, o que não deixa de influir na precisão do tiro.

Deve-se pois duvidar seriamente se a única vantagem da rapidez do tiro compensa todos estes inconvenientes e defeitos.

Não será preferível esperar um aperfeiçoamento provável da arma de repetição antes de condenar o uso de uma arma tão provada nos campos de batalha?

Os adeptos do novo sistema reconhecem que no encontro de dois adversários, um com a arma ordinária, outro com a de repetição de um dos sistemas até hoje conhecidos, a vitória não dependerá das qualidades dessas armas, mas da perícia do seu manejo, da superioridade da instrução e sobretudo do valor do soldado.

Tenhamos, pois, a convicção de que não chegou ainda o tempo de reformar o armamento a que, conservando nos a bravura histórica do exército e a arma Berdan, nada temos a recear dos nossos adversários, qualquer que seja a arma que eles adoptem.

A opinião do general russo parece mais destinada a incutir ao soldado o valor militar do que a produzir argumentos que condenem as vantagens geralmente reconhecidas na arma repetidora, a que oportunamente produzimos."

 

In MARDEL, Luiz - Lisboa Imprensa Nacional 1877- "A Historia da arma de Fogo Portátil"


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