A técnica Delphi foi usada pela primeira vez nos anos 50, pela RAND Corporation, para ajudar a força aérea dos EUA a identificar a capacidade soviética para destruir alvos estratégicos americanos. Esta técnica tornou-se popular, uma década mais tarde, pela sua utilização em estudos de previsões tecnológicas e de planeamento organizacional.

A técnica Delphi constitui uma forma de estruturar o processo de comunicação de um grupo, permitindo a um conjunto de pessoas, como um todo, lidar com um problema complexo.

Trata-se de um método que permite descobrir as opiniões de um grupo de especialistas — denominado painel Delphi — através da realização de uma série de questionários, cada um dos quais denominado ronda. Em cada ronda é apresentada aos participantes uma série de proposições específicas para que, cada um deles, individualmente, as ordene mediante um dado critério estabelecido. Os resultados são depois agregados e entregues aos especialistas, para que possam reformular a sua opinião acerca das proposições apresentadas. O número de rondas realizadas varia de acordo com o grau de consenso atingido pelos especialistas.

Este método distingue-se essencialmente por três características: o anonimato, a interacção com feedback controlado e as respostas estatísticas do grupo. Ou seja, o método Delphi emprega um painel de especialistas para obter conhecimento, os participantes não confrontam as suas opiniões face a face, existe garantia de anonimato das respostas dadas pelos participantes e utiliza ferramentas estatísticas simples para identificar padrões de acordo. Com efeito, uma das grandes vantagens deste método é permitir que pessoas que não se conhecem desenvolvam um projecto comum e, sem terem que revelar as suas opiniões pessoais uns aos outros, cheguem a um acordo geral sobre uma dada área de interesse.

A nível prático, um estudo Delphi consiste na realização de uma série de questionários, correspondendo cada questionário a uma ronda. Em cada ronda, o especialista tem que responder a um inquérito, classificando as várias proposições apresentadas por ordem de importância. Após este primeiro passo, o especialista poderá acrescentar novas proposições. Estas novas proposições farão parte da ronda seguinte. Após a realização da primeira ronda, os especialistas terão acesso aos resultados consolidados. Passa-se de seguida a uma segunda ronda na qual os especialistas voltarão a ordenar as proposições. As proposições incluídas na segunda ronda incluem, para além das proposições iniciais, as novas proposições que os diversos inquiridos introduziram na primeira ronda. Serão realizadas tantas rondas de questionários quantas as necessárias para se atingir um grau de consenso razoável ou se concluir sobre a impossibilidade de consenso.

Um estudo Delphi pode iniciar-se com uma lista pré-compilada de proposições ou pode ser solicitado aos especialistas que sugiram proposições relevantes ao problema em análise. Pode também ser conduzido de acordo com diferentes desenhos. Na sua forma clássica, o conjunto das proposições é apresentado aos especialistas, devendo estes proceder à sua ordenação. Já na forma Delphi com Q-Sort, a técnica modifica-se, embora o objectivo permance o mesmo, isto é, ordenar as proposições. Com o Q-Sort, o especialista terá primeiro que definir quais as proposições que considera mais importantes, as que considera menos importantes e as que considera neutras. De seguida, e mediante a apresentação de uma pirâmide, o inquirido terá que posicionar as três pilhas de proposições, de acordo com o grau de relevância. Ou seja, procede a uma classificação de todas as proposições por ordem de importância.

Na figura seguinte ilustra-se como se processa genericamente um estudo Delphi.


Actualmente, os processos Delphi são conduzidos segundo uma de duas formas distintas. A mais comum é a versão de papel e lápis, vulgarmente chamada de "Exercício Delphi". Todavia, com a vulgarização da Internet, tem-se assistido à criação e utilização de ferramentas Web que possibilitam a condução de todo o estudo online, o que permite uma maior agilização de todo o processo.