UM e Academia Militar fazem intercâmbio de alunos

A Universidade do Minho (UM) e a Academia Militar estão a desenvolver um projecto de cooperação baseado no intercâmbio entre alunos de ambas as instituições.
Segundo o responsável pelo Departamento de Informática da UM, Altamiro Machado, trata-se de uma iniciativa inovadora e peioneira quer no âmbito da troca de experiências civil e militar, quer no do ensino superior universitário.
A ideia surgiu da necessidade de oferecer uma formação complementar aos alunos de Informática de Gestão sobre a capacidade de liderança.
Altamiro Machado salienta que este é "um curso que tem tido imenso sucesso a nível da comunidade empresarial".
Inicialmente, explica o responsável do departamento, a licenciatura estava vocacionada para a formação e colocação dos alunos nas pequenas e médias empresas da região sem haver uma preocupação onde seriam empregados.
No entanto, desde há dois anos para cá, o Departamento de Informática tem centrado as suas preocupações, não apenas em licenciar os seus alunos, mas também em dar-lhes uma colocação.
Para tal, foi feito um reposicionamento estratégico do curso e os alunos passaram a ser colocados em cerca de 12 empresas multinacionais de dimensão global para trabalhar em diversos pontos do mundo.
A título de exemplo, Altamiro Machado refere que, no ano passado cerca de 37 estudantes foram empregados por uma só empresa, distribuídos por cidades como S. Paulo e Barcelona. Outra multinacional alemã veio, pela segunda ano consecutivo, buscar dez jovens para os seus quadros.
"Portanto - conclui Altamiro Machado - temos neste momento um conjunto de saídas profissionais limitadas no número de empresas, mas de grande nível e responsabilidade".
No entanto, a maior crítica formulada por estas entidades empregadoras ao curso vão no sentido dos alunos necessitarem de um maior desenvolvimento na sua capacidade de liderança, criatividade e pessoal. Foi perante este quadro que os responsáveis pelo Departamento de Informático da UM tiveram a ideia de oferecer um "prémio" aos melhores alunos da licenciatura, traduzido num Curso de Liderança e "Challenger" no Centro de Operações Especiais em Lamego e feito através da Academia Militar.
Para Altamiro Machado, esta é uma entidade com competência em problemas de estratégia, liderança e de comando e que a par disto desenvolve um certo treino com exercícios de conjunto, dinâmica de grupo e criatividade.
Neste momento, estão em Lamego 20 alunos da Universidade do Minho a frequentar este curso que termina na próxima sexta-feira. Ao longo de três semanas, estes estudantes foram confrontados com aulas teóricas e com uma forte componente prática que, envolveu uma série de actividades ao ar livre.
O "curso militar" visou desenvolver e reforçar nos estudantes as qualidades de liderança através da informação sobre o funcionamento e estrutura das organizações, estudo de várias teorias e treino de tomada de decisão individual e em grupo em condições normais de "stress".
O responsável pelo Departamento de Informática da UM salienta que este curso pode ser encarado pelas empresas como uma mais valia e um acrescento curricular pelos alunos.
Academia Militar na UM
Em contrapartida, a Universidade do Minho tem, também neste momento, 20 alunos do 4º ano do curso de Ciências Militares da Academia Militar a frequentar o "Curso Sociedade da Informação".
Na opinião de Altamiro Machado, esta é forma da UM corresponder ao esforço que a Academia Militar está a desenvolver em apoiar os alunos universitários.
Por isso, ao longo destas últimas três semanas os estudantes da Academia Militar têm tido aulas com o objectivo de receber formação na área da informática.
Segundo o responsável universitário, pretende-se que os alunos adquiram competências de natureza prática na procura, pesquisa e na produção de informação na Internet, aprofundando um leque de conhecimentos que passa pelo domínio das infraestruturas de comunicações, das tecnologias multimédia, da gestão de serviços de informação e dos impactos da sociedade de informação.
A par da formação teórica, o curso, que está a ser proporcionado aos militares, culmina com uma acção prática, concretizada na elaboração de um "site", isto é, um conjunto de páginas na Internet, sobre a Academia Militar.
Este trabalho, que até agora não existia, vai ser submetido às entidades oficiais da Academia Militar e caso venha a ser aprovado ficará a disposição de todos os "cybernautas".
Para o futuro, tanto a Universidade do Minho como a Academia Militar estão a pensar em repetir a iniciativa, embora se estejam a estudar algumas modificações.
Altamiro Machado salienta que os custos são muito elevados porque implicam deslocações, estadia e seguros que representam um enorme esforço para ambas as entidades.
Trata-se, na opinião do professor universitário, de um preço a pagar por abrir as portas, compensado por um conjunto de projectos que surgiram ao longo destas três semanas e que são "extremamente interessantes" e que irão necessitar de subsídios e de apoios dos ministérios da Ciência e Tecnologia, Educação e da Defesa.
Esta aproximação vai implicar um aprofundamento de relações no futuro, garante ainda o responsável pelo Departamento de Informática da UM, mostrando-se convencido que a Academia Militar será brevemente uma das componentes da futura Universidade das Forças Armadas