Fardas da Academia Militar na Universidade do Minho

In: Jornal de Notícias, 20 de Setembro de 1998

Soldados põem-se em dia com computadores e universitários desenvolvem qualidades de liderança
A Universidade do Minho e a Academia Militar estão a desenvolver um projecto de cooperação, considerado pioneiro no país, que visa o intercâmbio de conhecimentos e saberes, quer no âmbito da cooperação civil/militar, quer no do ensino superior universitário. Com base nesta parceria, um grupo de finalistas de Engenharia da Universidade do Minho (UM) foi frequentar um «Curso de Liderança» no Centro de Operações Especiais do Exército (CIOE), em Lamego, enquanto 20 alunos da Academia Militar foram acolhidos durante três semanas na UM para receber formação específica na área das tecnologias da Informação.
Os militares estudantes, que frequentaram na Universidade do Minho o «Curso Sociedade de Informação», encerraram-no anteontem, com a apresentação do trabalho realizado ao longo de três semanas de trabalho informático, um «site» sobre a Academia Militar, destinado a enquadrar-se na «homepage» que o Exército tem na «Internet».
Para o professor Altamiro Machado, presidente do Núcleo de Guimarães do Departamento de Informática da UM, o «site» da Academia Militar, realizado pelos formandos, pode ombrear, em termos de qualidade, ao lado dos melhores páginas «online» da Internet, o que demonstra que os alunos da Academia Militar absorveram com extraordinária rapidez o ensino que lhes foi ministrado ao nível da componente teórica e prática do projecto, que abrangeu desde a familiarização com o sistema informático, à procura de informação na Internet e à produção de páginas de divulgação, em linguagem HTML.
Em Lamego, os alunos dos cursos de Engenharia da Universidade do Minho que frequentaram o «Curso de Liderança», encerram-no hoje, após três semanas em que receberam informação sobre o «funcionamento e estrutura das organizações», estudaram as «teorias de liderança» e treinaram tomadas de decisão individual e em grupo, em condições normais de «stress».
O arranque para esta cooperação entre as duas instituições partiu do Departamento de Informática de Gestão da Universidade do Minho, cujos alunos têm actualmente um mercado de emprego bastante promissor, em empresas de ramificação internacional, com altas remunerações e condições de trabalho excepcionais.
São dez as empresas internacionais que, todos os anos, segundo Altamiro Machado, absorvem os finalistas do Curso de Informática de Gestão e os distribuem por diversas partes do Mundo, em condições de emprego altamente vantajosas, dada a competência profissional que apresentam.
Liderança e comando
Declaradamente satisfeitas com o perfil tecnológico dos licenciados em informática de gestão saídos da UM, as empresas empregadoras têm notado, no entanto, algumas fragilidades no desenvolvimento do seu perfil profissional, que desejariam ver mais diversificado ao nível das capacidades de liderança, de criatividade, de tomar iniciativas em condições adversas, de enfrentar desafios, de estabelecer metas ou de ter força anímica para superar os problemas.
Segundo Altamiro Machado, o reforço desta vertente tem estado nas preocupações da UM relativamente à área das tecnologias. Mas quando se fala em liderança, em comando, em tomar decisões em situações adversas, sob forte «stress», tradicionalmente, ao longo da história, os especialistas têm sido os militares. Nessa linha, nada mais natural que bater à porta de quem tem competência na matéria, para proporcionar aos alunos da UM formação específica nesta área.
A instituição militar acolheu bem esta forma de cooperação e procurou também tirar proveito dela, para ministrar aos alunos finalistas da Academia Militar noções teóricas ligadas aos equipamentos informáticos, para materializar conhecimentos na área da ciência militar.
Para o tenente-coronel Dinis da Costa, que acompanhou de perto o trabalho dos formandos, este curso abriu novas perspectivas de cooperação entre a estrutura militar e a universitária, ambas a braços com os grandes desafios da nova sociedade de informação.
A experiência durou três semanas e, de lado a lado, os resultados ultrapassaram todas as expectativas, o que permitirá, segundo os responsáveis das duas instituições, estreitar uma cooperação que é «inovadora e pioneira» ao nível da cooperação civil/militar.

Armindo Cachada

PÁGINA ANTERIOR

PÁGINA INICIAL

PÁGINA SEGUINTE


© Academia Militar / Universidade do Minho - Desenvolvido pelos alunos do curso "Sociedade da Informação" 2001
Sugestões para TCor Vieira Borges ou Eng Filipe de Sá Soares