Civis e cadetes em permuta
In: Diário de Notícias, 23 de Setembro de 1998 |
Guimarães
Durante três semanas, os vinte melhores
alunos da Escola de Engenharia do pólo de Guimarães da
Universidade do Minho frequentaram um curso de liderança em
Lamego, ao abrigo de um protocolo de colaboração celebrado
entre a Universidade do Minho e a Academia Militar.
No mesmo período, vinte cadetes do quarto
ano do curso de ciências militares da Academia Militar
participaram no curso de sociedade de informação, durante o
qual construíram um site de divulgarão da academia para
publicar
na Internet.
O protocolo surgiu na sequência de
algumas críticas feitas pelos gestores das empresas cujos
quadros recebem a
"elite" dos cursos de engenharia da
UM. "As pessoas elogiam a competência técnica e o
excelente perfil tecnológico dos estagiários, mas lamentam
alguma incapacidade de liderança e iniciativa para enfrentar
desafios", explica ao DN o presidente do núcleo de Guimarães
do Departamento Informático da Universidade do Minho.
Por isso, a UM acabou por bater à porta
da Academia Militar. "Aos militares é exigido um perfil
humano com essas características e, tratando-se de duas
instituições pagas pelos mesmos contribuintes, não fazia
sentido estarmos de costas voltadas quando podemos trocar experiências
e fazer algo de muito útil pelo futuro dos nossos alunos",
acrescentou Altamiro Machado. Os universitários, entre os quais
quatro raparigas, submeteram-se ao treino das qualidades de
liderança, preparando-se para a tomada de decisões,
individualmente ou em grupo, em condições normais e de stress.
Além disso, participaram em exercícios práticos militares,
que foram integrados nos módulos do curso, que lhes permitirão
"sobreviver em situações de crise".
Aos cadetes da Academia Militar foi
exigida "perícia" a bordo dos computadores. Em apenas
nove dias, e apesar da escassa informação em matéria de novas
tecnologias, construíram um site para publicação na Internet
"à altura da página de West Point". O site só estará
disponível depois de devidamente aprovado pelo chefe do
Estado-Maior do Exército e pelo ministro da Defesa.
Quase no final do curso, o
tenente-coronel
Diniz da Costa, responsável da Academia Militar, era um
"homem vencido". "Cheguei desconfiado, não
esperava o ambiente, a recepção, nem a competência que temos
constatado", sublinhou.
Os cursos terminam em Lamego com um
encontro entre os dois grupos de universitários que disputarão
o challenge final.
Paula Nogueira