Cooperação no ensino entre civis e militares

A Universidade do Minho e a Academia Militar promovem, desde há três anos, um intercâmbio de alunos que visa aumentar a qualidade da formação que ministram em áreas de interesse comum, para além de actividades de investigação e desenvolvimento “A competitividade das universidades não está na capacidade tecnológica dos seus alunos. O licenciado tem, cdada vez mais, que ser uma pessoa culta, com iniciativa, e alta capacidade de inovação. Saber conviver, liderar e comunicar.”
Foi este pressuposto que levou Altamiro Machado, director do Departamento de Sistemas de Informação da Universidade do Minho, a promover uma iniciativa pioneira no âmbitoda colaboração entre instituições civis e militares.
Segundo este professor, para além da competência técnica e científica, os alunos devem desenvolver competências como liderança, iniciativa,criatividade e trabalho de grupo, que sempre estiveram presentes na instituição militar, podendo a universidade aproveitar estas competências e incorporá-las na sua prática pedagógica.
Aliás, a ideia de avançar com um protocolo de cooperação surgiu porque, apesar da elevada qualidade que os grandes empregadores nacionais e multinacionais reconhecem aos licenciados do Curso de Informática de Gestão da Universidade do Minho (UM), foram identificadas algumas lacunas em aspectos relacionados com a capacidade de liderança e tomada de decisão. Ou seja, falta a estes profissionais formação sobre temáticas em que as instituições militares têm longa e reconhecida experiência.
Por outro lado, face aos desafios que as novas tecnologias colocam, também a Academia Militar reconhece a importância de dar aos seus cadetes formação e competências em áreas relacionadas com a gestão de sistemas, serviços e produtos da Sociedade de Informação.
Assim, esta troca de experiências, que se materializou na relação dos cursos “Sociedade de Informação” e “Liderança”, tem permitido aos estudantes das duas instituições, complementarem a sua formação em temáticas que são consideradas importantes no campo profissional e pessoal.
A terceira edição destes cursos, com duração de 21 dias, vai arrancar já depois das férias para os alunos da UM que participaram nas duas edições anteriores a experiência foi única e feita de “pequenas grandes aprendizagens” com pontualidade, colocação da voz e, claro, decisão em situações de stress e trabalho em equipa.
O curso “Sociedade da Informação” é frequenntado por cadetes que, durante duas semanas, se deslocam ao Dpartamento de Sistemas de Informação da Universidade do Minho para adquirirem formação em áreas como Sociedade da Informação, Interface Homem-Máquina, Ambientes e Sistemas Multimédia e Internet.
Os alunos da UM, oriundos sobretudo do Curso de Informática de Gestão e de alguns cursos de Engenharia, abordam temáticas voltadas para Relações Internacionais e Estratégia, Decisão, Risco e Teoria do Jogo, Técnicas de Transposição de Obstáculos, Orientação, Adaptação ao Meio Ambiente, Liderança e Comportamento Organizacional.
Até à data, a troca de experiência entre a universidade minhota e a Academia Militar traduziu-se sobretudo na relação deste intercâmbio entre alunos de ambas instituições. No entanto esta experiência insere-se num protocolo mais vasto, estabelecido entre a Universidade do Minho e  o Estado Maior do Exército Português, ao abrigo do qual foram já efectuadas várias visitas a centros operacionais da NATO para estudar os sistemas de informação e comunicações, e apresentadas propostas de projectos de investigação e desenvolvimento em áreas como a segurança informática. A coloboração passa ainda pela identificação de áreas de interesse comum noutras vertentes como a informação, ensino, formação avançada e actividades de pesquisa, tendo em vista a definição de cooperações e projectos conjuntos a vários outros niveis e em diferentes áreas de estudo.A cooperação entre a Universidade do Minho e a Academia Militar, demostra como o encontro entre diferentes formas de saber, pode apresentar vantagens recíprocas para as instiituições e para os alunos.

 Íris Saraiva
Universidade do Minho